"Um dia me chamaram de radical.
Aceitei: só eu sei a importância que as coisas têm para mim e o propósito de mantê-las ou não na minha vida.
Em outra ocasião, me chamaram de amorosa.
Compreendi: pessoas amoráveis extraem o que tenho de melhor.
Já me disseram que pareço um personagem.
Entendi: sendo povoada por tantas, quão imprevisível posso ser na liberdade que me permito ter. Não me importo com o que julgam, sempre serei espelho e sempre terei o Outro como meu espelho. Somos extensão. Estejamos ou não em harmonia ou comunhão, dedico carinhosamente o meu tempo compartilhando minha nudez.
Aos que veem máscaras e vestes, sou impotente a estas leituras.
Aos que veem generosidade e amparo, sou impotente à beleza que me dão.
Sou impotente ao olhar alheio. Não tenho o controle de absolutamente nada, mas o meu trabalho consiste em eu não me rejeitar.
Diariamente eu fortaleço minha autoestima assim:
Hoje, nem que seja apenas hoje, eu sou a pessoa mais importante para mim.
Que assim eu esteja.
Que assim seja."
Marla de Queiroz
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